PORTUGUÊS SURGE NO SÉCULO XII

A língua portuguesa deriva do desenvolvimento do latim vulgar - a língua falada no Império romano, baseada no latim clássico, a língua literária. Foi trazido por soldados, colonos e comerciantes romanos e largamente utilizado durante a ocupação que durou do século II a.C. ao século V d.C., transformando-se com o tempo no latim ibérico ou lusitano (século I d.C. ao século IX).
Após a dissolução do Império Romano a região foi dominada por visigodos e outras tribos do norte europeu, trazendo consigo sua língua. Em 711, com a invasão muçumana na península Ibérica, somou-se ainda a influência vocabular do árabe.
O período entre os séculos IX e XII é considerado o período proto-histórico do português, em que os textos utilizam alguns termos portugueses misturado ao latim dito "bárbaro".
No século XII surgem os primeiros documentos escritos inteiramente em português arcaico. Aqui o galego e o português não se distingue. Segundo especialistas, essa fase dura até a publicação do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende (1572), o português toma uma forma muito aproximada do que se conhece hoje e se espalha pelo mundo graças á expansão ultra-marina do período das navegações.

UM MUNDO DE INFLUÊNCIAS

No Brasil, a língua portuguesa recebeu a contribuição de diferentes povos.
a) Indígenas: O português possui muitas palavras de origem indígenas. São nomes de lugares (Tietê, Ipanema), plantas (mandioca, abacaxi), animais (piranha, capivara) e pessoas (Iraci, Araci).
b) Africanos: Trazidos como escravos a partir do século XVI, os povos africanos contribuíram com diversas palavras. Entre elas samba, moleque, macaco, banana, cachaça, berimbau, xingar e cochilar.
c) Europa e Ásia : A língua portuguesa também recebeu influência de povos europeu e asiáticos: pizza, tchau(italiano); abajur, reveillon (francês); mochila, galã (espanhol); quibe, tabule (árabe).

TRANSFORMAÇÕES

Toda língua utilizada por um povo nas suas comunicações diárias está em constante transformações. A Lígua Portuguesa, no momento, está em constante transformação. Veja quantas palavras novas estão aparecendo, quantas estão se transformando, e quantas estão desaparecendo.
O mesmo processo ocorria com o latim vulgar na Península Ibérica a partir do século III a.C. No uso diário, o latim sofria constantes trasformações. Além disso, alguns fatos históricos vieram acelerar as modificações do idioma.

PAÍSES EM QUE A LÍNGUA PORTUGUESA É O IDIOMA OFICIAL

Portugal
O fato de o país ser membro da Comunidade Européia desde 1986 tornou o português uma das línguas oficiais da instrução.
Cabo Verde
O português é a língua oficial e de instrução, mas não materna. Fala-se um dialeto criolo que mescla o português arcaico a línguas africanas. Há duas variedades, a de Balavento e a de Sotavento.
Brasil
Embora haja diferenças lingüísticas importantes, os especialistas não consideram que ocorram dialetos, mas "falares" regionais no país. Não existe ainda um atlas lingüístico do poetuguês do Brasil.
S. Tomé e Príncipe
Apesar de descobertas em 1471 pelos portugueses, a maioria da população das duas ilhas fala hoje mais os dialetos locais forro e moncó, além de línguas de Angola, do que o idioma dos ex-colonizadores.
Guiné-Bissau
Em 1983, 44% da população do país declarou falar o dialeto criolo semelhante ao de Cabo Verde, enquanto 11,1% disse utilizar o português.
Moçambique
O português, idioma oficial é falado por cerca de 25% da população, apesar de só 1,2% tê-lo considerado como sua língua materna.
A maioria dos moçambicanos fala língua do grupo bato.
Angola
60% dos moradores de Luanda declararam em 1983 que o português é sua língua materna. Tem o status de língua oficial mesmo depois da independência(1975) e convive com o bacongo, o quimbundo, o ovimbundo e o chacue.

POEMA

Língua

Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
que encurte dores
E furtem cores como camaleões.
Gosto de Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa,
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade.
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixa os portugais morrerem á míngua,
Minha pátria é minha língua
(...)
Caetano Veloso. CD Velô, 1984.

Acordo Ortográfico

Em janeiro de 2009 entrará em vigor a unificação da Língua Portuguesa que prevê, entre outras coisas, um alfabeto de 26 letras.

"A frequência com que eles leem no voo é heroico!". Ao que tudo indica, a frase inicial desse texto possui pelo menos quatro erros ortográficos. Mas a partir do próximo ano quando em janeiro a lei entrar em vigor, o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", ela estará corretíssima. Os países- irmãos Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor -Leste terão, enfim, uma única forma de escrever.

As mudanças só vão acontecer porque três dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram as regras gramaticais do documento proposto em 1990. Brasil e Cabo Verde já havia assinado o acordo e esperado a terceira adesão, que veio por São Tomé e Príncipe.

Tão logo as regras sejam incorporadas ao idioma, inicia-se o período de transição no qual ministério de educação, associações e academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos recebam as novas regras ortográficas e possam, gradativamente, reimprimir livros, dicionários, etc.
O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros.

Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: o,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

O que Muda

As novas normas ortográficas farão com que os portugueses, por exemplo, deixem de escrever "húmido" para escrever "úmido". Também desaparecem da língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como nas palavras "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto".

Mas também os brasileiros terão que se acostumar com algumas mudanças que, a priori, parecem estranhas. As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acentos circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo", e "voo".

Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivos dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação dp "k", do"W" e do "Y" e o acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

Outras duas mudanças: criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, com0 o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos", além de eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia" e "heróica" e "jibóia".

Uma das principais mudanças e que deve provocar dúvidas é referente ao uso do hínfen. O sinal será excluido da maioria das palavras compostas. Com a reforma, "pára-quedas" vira "paraquedas". Será mantido, porém, o hínfem em palavras compostas cuja segunda palavra começa com h, como "pré-história". Em substantivo compostos cuja última letra da primeira palavra e a primeira letra da seguite sejam iguais, será feita a introdução do hínfen. Exemplo: "micoondas" vira "micro-ondas".

Níveis de Linguagem


A comunicação não é regida por normas fixas e imutáveis. Ela pode transformar-se, através do tempo, e, se compararmos textos antigos com atuais, perceberemos grandes mudanças no estilo e nas expressões.
Por que as pessoas se comunicam de formas diferentes? Temos que considerar múltiplos fatores: época, região geográfica, ambiente e status sócio-cultural dos falantes.
Há uma língua-padrão? O modelo de língua padrão é uma decorrência dos parâmetros utilizados pelo grupo social mais culto. Ás vezes, a mesma pessoa, dependendo do meio em que se encontra, da situação sócio-cultural dos indivíduos com quem se comunica, usará níveis diferentes de língua.

Dentro desse critério, podemos reconhecer, num primeiro momento, dois tipos de língua: a falada e a escrita.


Língua Falada:

Língua Culta - é a língua falada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola. Obedece a gramática da língua padrão. É mais restrita, pois constitui privilégio e conquista cultural de um número reduzidos de falantes.

Exemplo: Temos conhecimento de que alguns casos de delinqüência juvenil no mundo hodierno decorrem da violência que se projeta, através dos meios de comunicação, com programas que enfatizam a guerra, o roubo e a venalidade.

Língua Coloquial - É a língua espontânea, usada para satisfazer as necessidades vitais do falante sem muita preocupação com as formas lingüísticas.
É a língua cotidiana, que comete pequenos - mas perdoáveis - deslizeis gramaticais.

Exemplo: Cadê o livro que te emprestei? Me devolve em seguida, sim?

Língua Vulgar ou Inculta - É própria das pessoas sem instrução. É natural, colorida, expressiva, livre de convenções sociais. É mais palpável, porque envolve o mundo das coisas. Infringe totalmente as convenções gramaticais.

Exemplo: Noi ouvimos falá do pograma da televisão.

Língua Escrita

Língua Não Literária - A língua não literária apresenta as mesmas características das variantes da língua falada tais como língua- padrão, coloquial, inculta ou vulgar, regional, grupal, incluindo a gíria e a técnica e tem as mesmas finalidades e registros.

Língua Literária - É o instrumento utilizado pelos escritores. Principalmente, a partir do modernismo, eles cometeram certas infrações gramaticais, que, de modo algum, se confundem com os erros observados nos leigos. Enquanto nestes as incorreções acontecem por ignorância da norma, naqueles as mesmas ocorrem por imposição da estilística.

Exemplo: "Macunaíma ficou muito contrariado. Maginou, maginou e disse prá velha..." (Mário de Andrade).

Língua da Informática
- Por ser relativamente novo, o campo da informática é rico na produçaõ de novas palavras. O vocabulário bastante específico usa muitos termos estrageiros, principalmente originário do inglês.

Exemplos: hardware (conjunto dos componentes físicos do computador), software (programa de computador), mouse ( aparelho para controlar o curso na tela de computador) entre outras. A palavra Datilografia está em desuso. e a palavra Digitar, Deletar está em ascensão.

Variação Geográfica

A variação geográfica é um fenômino dos mais estudados. Além da mudança de língua de uma região para outra do planeta, temos as variaçoes dentro de um mesmo país que fala uma mesma língua.
A língua portuguesa mostra diferenças de fala e escrita em Portugal e no Brasil, e mesmo dentro de Portugal e do Brasil temos regiões que apresentam marcas específicas, principalmente na fala. Essas variações também são denominadas regionalismo, dialetos ou falares locais.
Essas diferenças se mostram mais claramente na pronúncia das palavras, nas construções sintáticas, nos significados de determinadas expressões e no léxico.
A pronúncia é claramente identificada pelos falantes.Você é paulista, carioca, gaúcho, baiano, pernambucano, paranaense?
Na região nordestina nota-se a abertura sistemática da vogal pretônica, regularmente fechada em outra regiões.
Na região gaúcha a realização do /e/ e do /o/ átonos finais, produzidos com grau médio de abertura, não acontece em São Paulo, em que a forma é reduzida.
no sertão nordestino, as consoantes /t/ e /d/, quando antes de /i/ vogal ou semivogal, palatinazam-se, em transcrição fonética [ts] e [dz]:[noits] "noite", [odzu] "ódio".

As ocorrências morfossintáticas também marcam as regiões, como em Rio Branco (Acre), em que o substantivo greve assume a função do verbo grevar.
As especificidades vocabulares das regiões têm seus registros nos dicionários e, também, na literatura. Assim, a palavra dama pode significar meretriz em uma região e mulher da alta sociedade em outra.
A variação geográfica, diferente das outras citadas, representa fatos sociais de uma determinada região e é interiorizada por todos os falantes, já que sua aprendizagem ocorre, na maioria das vezes, no ambiente familiar e permanece como marca de identidade do grupo social. Entretanto, os limites de uma comunidade lingüística não devem ser confundidos com os limites políticos de um Estado, região ou país. Esses traços identificam as comunidades e grupos; são fatos históricos e sociais.